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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Marcas do Novo Nascimento - J. C. Ryle (1816–1900) Continuação 2

3. A terceira marca do novo nascimento é santidade.
Mais uma vez, o que disse o apóstolo João? “Todo aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1 Jo 2.29); “Aquele que nasceu de Deus o guarda” (1 Jo 5.18). Os verdadeiros filhos de Deus têm prazer em fazer da Lei a sua regra de vida. Ela habita em sua mente e está gravada em seu coração; fazer a vontade do Pai é sua comida e bebida. Eles não sabem nada do espírito de escravidão do qual os falsos cristãos reclamam. O prazer deles é glorificar a Deus com seu corpo e sua alma, os quais são do Pai. Eles têm fome e sede de caráter e disposições semelhantes aos de seu Senhor. Não contentam-se com uma vontade e uma esperança pobres, mas lutam para serem santos em todo tipo de relacionamento com as demais pessoas — no pensamento, nas palavras e nas ações. A oração diária de seu coração é: “Senhor, que queres que faça?” (At 9.6 — RC); e a sua tristeza e lamentação diária consiste no fato de que são servos inúteis e falhos.

Amados, lembre-se de que, onde não há santidade de vida, ali não pode haver muita ação do Espírito Santo.

4. A quarta marca do novo nascimento é uma mente espiritual.
Aprendemos isso das palavras de Paulo aos crentes de Colossos: “Se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto...Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.1-2).
A pessoa que nasce de novo pensa primeiramente nas coisas eternas. Não dedica mais o melhor de seu coração às preocupações deste mundo, que perecerá. Ela vê a terra como um lugar de peregrinação, e o céu, como o seu lar. Assim como uma criança lembra-se, com prazer, de seus pais ausentes e deseja estar com eles um dia, assim também o cristão pensa em seu Deus e anseia pelo dia em que estará com Ele e jamais se afastará de sua presença. O cristão não se importa com os prazeres e distrações do mundo ao seu redor, não se ocupa com as coisas da carne, e sim com as do Espírito. Ele sente que possui uma casa eterna no céu, não feita por mãos, e deseja sinceramente estar lá. “Senhor”, ele diz, “quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra” (Sl 73.25).

5. A quinta marca do novo nascimento é a vitória sobre o mundo.

Veja o que João disse: “Todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5.4). O que é o homem natural? Um infeliz escravo da opinião deste mundo. O homem natural segue e aprova aquilo que o mundo diz que é certo; ele renuncia e condena aquilo que o mundo diz ser errado.

Como farei o que meus vizinhos não fazem?
O que os homens dirão de mim, se me tornar mais severo do que eles?

Esse é o argumento do homem natural. Mas aquele que nasceu de novo está livre de tudo isso. Ele não é mais norteado pelos elogios ou pelas censuras, pelas risadas ou pelos semblantes sombrios dos filhos de Adão, seus semelhantes. O nascido de novo não pensa mais que o tipo de religião que todos ao seu redor professam deve, necessariamente, estar certo. Não pensa mais: “O que o mundo dirá?”, e sim: “O que Deus ordena?” Oh! que mudança gloriosa ocorre quando um homem não pensa na dificuldade de confessar a Cristo diante dos outros, porque tem a esperança de que Cristo o confessará e o reconhecerá diante dos santos anjos! Esse temor do mundo é uma terrível cilada; para milhares de pessoas, ele é muito mais importante do que o temor a Deus. Há homens que se importam mais com o riso dos amigos do que com o testemunho de metade da Bíblia. O homem espiritual está livre de tudo isso. Ele não é mais um peixe morto boiando no córrego da opinião mundana; está sempre progredindo,olhando para Jesus, apesar de toda a oposição. Ele venceu o mundo.
6. A sexta marca do novo nascimento é ...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Marcas do Novo Nascimento - J. C. Ryle (1816–1900) Continuação 1

A segunda marca à qual chamo sua atenção é a fé em Cristo. Neste ponto, uso novamente as palavras de João em sua primeira epístola: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus” (1 Jo 5.1). Não estou falando sobre um tipo de crença geral e vaga no fato de que Jesus viveu e morreu na terra — um tipo de fé que até os demônios possuem. Estou falando sobre aquela convicção que acontece num homem, quando ele realmente está certo de sua própria culpa e indignidade, vendo que somente Cristo pode ser seu Salvador. Ele se convence de que está no caminho que conduz à perdição e de que precisa ter uma justiça melhor do que a sua própria, recebendo com alegria a justiça que Jesus oferece a todos os que crêem. A pessoa que tem essa fé descobre um benefício, um favor e um conforto na doutrina de Cristo crucificado por pecadores, um benefício que outrora ela não conhecia. Ele não se envergonha mais de admitir que é, por natureza, pobre, cego e nu, e crer em Cristo como sua única esperança de salvação. Antes de um homem nascer do Espírito, não parece haver boa aparência nem formosura no Redentor. Mas, depois que acontece essa bendita mudança, Ele se mostra o principal entre dez mil.
Ninguém, exceto Jesus, é digno de tão grande honra;
Ninguém, exceto Jesus, concede melhor amor;
Só Jesus pode suprir a maior necessidade espiritual;
O pior pecado pode ser purificado tão somente por Jesus.


Antes do novo nascimento, um homem pode até reverenciar o nome de Cristo, mas talvez isso seja tudo o que ele faz. Uma vez nascido de novo, ele vê em Cristo uma plenitude, uma perfeição e uma suficiência das coisas necessárias à salvação; assim, ele sente que jamais poderia meditar o suficiente sobre o Salvador.
As mais notáveis marcas dos verdadeiros filhos de Deus são:
· Eles lançam seu fardo de pecado sobre Jesus;
· Gloriam-se na cruz, onde Ele morreu;
· Têm diante de si o sangue de Cristo,sua justiça e sua intercessão;
· Buscam-No sempre, a fim de obterem paz e perdão;
· Descansam totalmente nEle para a salvação completa e gratuita; resumindo,
· Fazem de Jesus toda a sua esperança de entrar no reino dos céus.
· Vivem pela fé em Cristo;
· Têm a sua felicidade firmada em Jesus.

A Lei espiritual de Deus conduz o homem ao seguinte: Houve um tempo em que os filhos de Deus eram propensos a pensar o bem a respeito de si mesmos. A Lei, no entanto, despoja-os de seus miseráveis trapos de justiça, expõe sua excessiva culpa e podridão, acaba com suas idéias ilusórias de justificação por suas próprias obras e assim os conduz a Cristo como sua única sabedoria e redenção. Então, quando se apropriam de Cristo e O recebem como seu Salvador, começam a encontrar aquele descanso que antes procuravam em vão.

Estas são as duas primeiras marcas da obra do Espírito:
1. Uma profunda convicção do pecado e a rejeição do pecado; e,
2. Uma fé vigorosa em Cristo crucificado como a única esperança de perdão.

Estas são marcas que talvez o mundo nunca veja, mas sem elas nenhum homem ou mulher jamais se tornou nova criatura. São os dois fundamentos do caráter cristão, os pilares, por assim dizer, do Reino de Deus. São raízes escondidas que as outras pessoas conseguem julgar apenas pelos frutos; mas aqueles que as possuem geralmente sabem delas e podem sentir a evidência em si mesmos.

3. A terceira marca do novo nascimento é ... Continua em breve.