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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Marcas do Novo Nascimento - J. C. Ryle (1816–1900) Continuação 2

3. A terceira marca do novo nascimento é santidade.
Mais uma vez, o que disse o apóstolo João? “Todo aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1 Jo 2.29); “Aquele que nasceu de Deus o guarda” (1 Jo 5.18). Os verdadeiros filhos de Deus têm prazer em fazer da Lei a sua regra de vida. Ela habita em sua mente e está gravada em seu coração; fazer a vontade do Pai é sua comida e bebida. Eles não sabem nada do espírito de escravidão do qual os falsos cristãos reclamam. O prazer deles é glorificar a Deus com seu corpo e sua alma, os quais são do Pai. Eles têm fome e sede de caráter e disposições semelhantes aos de seu Senhor. Não contentam-se com uma vontade e uma esperança pobres, mas lutam para serem santos em todo tipo de relacionamento com as demais pessoas — no pensamento, nas palavras e nas ações. A oração diária de seu coração é: “Senhor, que queres que faça?” (At 9.6 — RC); e a sua tristeza e lamentação diária consiste no fato de que são servos inúteis e falhos.

Amados, lembre-se de que, onde não há santidade de vida, ali não pode haver muita ação do Espírito Santo.

4. A quarta marca do novo nascimento é uma mente espiritual.
Aprendemos isso das palavras de Paulo aos crentes de Colossos: “Se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto...Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.1-2).
A pessoa que nasce de novo pensa primeiramente nas coisas eternas. Não dedica mais o melhor de seu coração às preocupações deste mundo, que perecerá. Ela vê a terra como um lugar de peregrinação, e o céu, como o seu lar. Assim como uma criança lembra-se, com prazer, de seus pais ausentes e deseja estar com eles um dia, assim também o cristão pensa em seu Deus e anseia pelo dia em que estará com Ele e jamais se afastará de sua presença. O cristão não se importa com os prazeres e distrações do mundo ao seu redor, não se ocupa com as coisas da carne, e sim com as do Espírito. Ele sente que possui uma casa eterna no céu, não feita por mãos, e deseja sinceramente estar lá. “Senhor”, ele diz, “quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra” (Sl 73.25).

5. A quinta marca do novo nascimento é a vitória sobre o mundo.

Veja o que João disse: “Todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5.4). O que é o homem natural? Um infeliz escravo da opinião deste mundo. O homem natural segue e aprova aquilo que o mundo diz que é certo; ele renuncia e condena aquilo que o mundo diz ser errado.

Como farei o que meus vizinhos não fazem?
O que os homens dirão de mim, se me tornar mais severo do que eles?

Esse é o argumento do homem natural. Mas aquele que nasceu de novo está livre de tudo isso. Ele não é mais norteado pelos elogios ou pelas censuras, pelas risadas ou pelos semblantes sombrios dos filhos de Adão, seus semelhantes. O nascido de novo não pensa mais que o tipo de religião que todos ao seu redor professam deve, necessariamente, estar certo. Não pensa mais: “O que o mundo dirá?”, e sim: “O que Deus ordena?” Oh! que mudança gloriosa ocorre quando um homem não pensa na dificuldade de confessar a Cristo diante dos outros, porque tem a esperança de que Cristo o confessará e o reconhecerá diante dos santos anjos! Esse temor do mundo é uma terrível cilada; para milhares de pessoas, ele é muito mais importante do que o temor a Deus. Há homens que se importam mais com o riso dos amigos do que com o testemunho de metade da Bíblia. O homem espiritual está livre de tudo isso. Ele não é mais um peixe morto boiando no córrego da opinião mundana; está sempre progredindo,olhando para Jesus, apesar de toda a oposição. Ele venceu o mundo.
6. A sexta marca do novo nascimento é ...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Marcas do Novo Nascimento - J. C. Ryle (1816–1900) Continuação 1

A segunda marca à qual chamo sua atenção é a fé em Cristo. Neste ponto, uso novamente as palavras de João em sua primeira epístola: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus” (1 Jo 5.1). Não estou falando sobre um tipo de crença geral e vaga no fato de que Jesus viveu e morreu na terra — um tipo de fé que até os demônios possuem. Estou falando sobre aquela convicção que acontece num homem, quando ele realmente está certo de sua própria culpa e indignidade, vendo que somente Cristo pode ser seu Salvador. Ele se convence de que está no caminho que conduz à perdição e de que precisa ter uma justiça melhor do que a sua própria, recebendo com alegria a justiça que Jesus oferece a todos os que crêem. A pessoa que tem essa fé descobre um benefício, um favor e um conforto na doutrina de Cristo crucificado por pecadores, um benefício que outrora ela não conhecia. Ele não se envergonha mais de admitir que é, por natureza, pobre, cego e nu, e crer em Cristo como sua única esperança de salvação. Antes de um homem nascer do Espírito, não parece haver boa aparência nem formosura no Redentor. Mas, depois que acontece essa bendita mudança, Ele se mostra o principal entre dez mil.
Ninguém, exceto Jesus, é digno de tão grande honra;
Ninguém, exceto Jesus, concede melhor amor;
Só Jesus pode suprir a maior necessidade espiritual;
O pior pecado pode ser purificado tão somente por Jesus.


Antes do novo nascimento, um homem pode até reverenciar o nome de Cristo, mas talvez isso seja tudo o que ele faz. Uma vez nascido de novo, ele vê em Cristo uma plenitude, uma perfeição e uma suficiência das coisas necessárias à salvação; assim, ele sente que jamais poderia meditar o suficiente sobre o Salvador.
As mais notáveis marcas dos verdadeiros filhos de Deus são:
· Eles lançam seu fardo de pecado sobre Jesus;
· Gloriam-se na cruz, onde Ele morreu;
· Têm diante de si o sangue de Cristo,sua justiça e sua intercessão;
· Buscam-No sempre, a fim de obterem paz e perdão;
· Descansam totalmente nEle para a salvação completa e gratuita; resumindo,
· Fazem de Jesus toda a sua esperança de entrar no reino dos céus.
· Vivem pela fé em Cristo;
· Têm a sua felicidade firmada em Jesus.

A Lei espiritual de Deus conduz o homem ao seguinte: Houve um tempo em que os filhos de Deus eram propensos a pensar o bem a respeito de si mesmos. A Lei, no entanto, despoja-os de seus miseráveis trapos de justiça, expõe sua excessiva culpa e podridão, acaba com suas idéias ilusórias de justificação por suas próprias obras e assim os conduz a Cristo como sua única sabedoria e redenção. Então, quando se apropriam de Cristo e O recebem como seu Salvador, começam a encontrar aquele descanso que antes procuravam em vão.

Estas são as duas primeiras marcas da obra do Espírito:
1. Uma profunda convicção do pecado e a rejeição do pecado; e,
2. Uma fé vigorosa em Cristo crucificado como a única esperança de perdão.

Estas são marcas que talvez o mundo nunca veja, mas sem elas nenhum homem ou mulher jamais se tornou nova criatura. São os dois fundamentos do caráter cristão, os pilares, por assim dizer, do Reino de Deus. São raízes escondidas que as outras pessoas conseguem julgar apenas pelos frutos; mas aqueles que as possuem geralmente sabem delas e podem sentir a evidência em si mesmos.

3. A terceira marca do novo nascimento é ... Continua em breve.

domingo, 25 de outubro de 2009

As Marcas do Novo Nascimento
J. C. Ryle (1816–1900) autor de Santidade Sem a Qual Ninguém Verá o Senhor e Meditações nos Evangelhos (editados pela Editora Fiel), e muitos outros. Nasceu em Macclesfield, Cheshire County, Inglaterra.‑

Muitas pessoas têm como certo que nasceram de novo — não sabem exatamente por que, mas é algo do que nunca duvidaram. Existem outros que desprezam toda averiguação cuidadosa sobre este assunto — têm certeza de que estão no caminho certo, crêem que serão salvos. No entanto, quanto às marcas da pessoa salva, é vil e legalista falar sobre elas; isso leva as pessoas à escravidão. Todavia, amados, não importa o que os homens digam, podemos estar certos de que o povo de Cristo é singular, não somente em seu falar, mas também em sua vida e conduta. Eles podem ser distinguidos dos não-convertidos ao seu redor. Você pode estar certo de que há traços, marcas e qualidades na obra de Deus pelos quais ela sempre pode ser identificada. Aquele que não possui evidências para mostrar pode suspeitar de que não se encontra no caminho certo. Lembre-se de que não é intenção deste artigo afirmar que todos os filhos de Deus têm os mesmos sentimentos ou que estas marcas sejam igualmente fortes e claras em cada filho de Deus.
A obra da graça no coração do homem é gradual:
....primeiro, a erva,
........depois,a espiga, e,
.............por último, o grão cheio na espiga.

É como fermento: amassa toda não é fermentada de uma vez. É como o nascimento de uma criança: primeiro ela sente aquele mundo novo, depois move-se e chora, vê, escuta, conhece coisas, ama,caminha, fala e age por si mesma. Cada uma dessas coisas acontece gradualmente, de maneira ordenada. Mas não esperamos que todas aconteçam, para dizermos que se trata de uma alma vivente. Assim também é todo aquele que é nascido do Espírito. No começo, ele pode não encontrar em si mesmo todas as marcas de Deus, mas as sementes delas estão ali. Algumas ele conhece por experiência própria; e, com o passar do tempo, todas serão conhecidas distintamente. Pelo menos, disto você pode estar certo: onde não há fruto do Espírito, ali não há obra do Espírito; e, se um homem não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Ele. Que este assunto o encoraje a examinar e provar seus caminhos! Deus não é homem para que minta. Ele não nos teria dado a Bíblia, se pudéssemos ser salvos sem ela. E este é um ensino do qual depende a vida eterna: “Não há salvação sem o novo nascimento”.

1. Em primeiro lugar: aconselho-o a memorizar uma marca que João menciona em sua primeira epístola: “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado” (1Jo 3.9); “Todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado” (1 Jo5.18); “Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu” (1 Jo 3.6). Observe que não desejo, nem por um minuto, que você suponha que os filhos de Deus são perfeitos, sem mancha ou corrupção. Não saia por aí dizendo que lhe falei que os filhos de Deus são puros como os anjos, nunca erram ou tropeçam.
O apóstolo João, na mesma epístola, declara: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós... Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 Jo 1.8, 10).
Estou dizendo que, em se tratando de quebrar os mandamentos de Deus, todo aquele que é nascido de novo é um homem completamente novo. Ele não tem mais uma visão frívola, indiferente e leviana do pecado. Não o julga mais de acordo com a opinião do mundo. Não pensa mais que uma mentirinha, um pequeno deslize na observância de guardar o domingo, uma pequena fornicação ou um pouquinho de bebida alcoólica ou de avareza são assuntos triviais e insignificantes. Ele vê todo tipo de pecado contra Deus e contra o homem como excessivamente odioso e condenável aos olhos do Senhor. E, no que diz respeito a ele mesmo, odeia e abomina o pecado, desejando ficar completamente livre dele com todo o seu coração, mente, alma e força.
Aquele que nasceu de novo teve abertos os olhos de seu entendimento, e os Dez Mandamentos se revelam em uma luz completamente nova para ele. Sente-se surpreso com o fato de que viveu, durante tanto tempo, em descuido e indiferença quanto às transgressões e lembra os dias passados com vergonha, arrependimento e tristeza. No que diz respeito à sua rotina diária, ele não se permite cometer os pecados sobre os quais está consciente. Não faz concessões aos seus velhos hábitos e princípios, desiste deles por completo, embora isso lhe custe sofrimento, e o mundo o considere muito cerimonioso e tolo. Contudo, ele é um novo homem e não está mais ligado a coisas que amaldiçoam.
Afirmo que ele erra e encontra sua velha natureza fazendo-lhe oposição continuamente — e isso também acontece quando ninguém pode vê-lo, quando ele está sozinho; mas ele lamenta e se arrepende muito de sua fraqueza. Mas ele tem certeza disto: está em guerra contra o diabo e todos os seus feitos; e não cessa de lutar para libertar-se. Você não chama isso de mudança? Olhe para todo este mundo, este mundo perverso, observe quão poucos são os homens que pensam sobre o pecado e como é raro eles julgarem o pecado como a Bíblia o julga; como eles supõem que é fácil o caminho para o céu — e conclua se esta marca não é extraordinariamente rara. Mas, apesar de tudo isso, Deus não se deixa escarnecer. Os homens podem ter certeza de que, se não se convenceram da terrível culpa, do terrível poder e das terríveis conseqüências do pecado, se, uma vez convencidos, não fugiram para Cristo e não abandonaram o pecado, eles não nasceram de novo.

2. A segunda marca à qual chamo sua atenção é a....
Continua em breve....

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Caráter Definidor do Ministério

O Caráter Definidor do Ministério

John MacArthur

John MacArhtur, autor de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master’s College and Seminary e do ministério “Grace to You”; John e sua esposa Patrícia têm quatro filhos e quatorze netos.


O ministério nos dias de Paulo não era fácil de ser realizado. Leon Morris fez esta observação: "Talvez nunca houve tão grande variedade de cultos religiosos e sistemas de filosofia como nos dias de Paulo. O Leste e o Oeste se uniram e se mesclaram para produzir uma amálgama de piedade autêntica, princípios morais elevados, superstição grosseira e licenciosidade sórdida". Aquela época se assemelha aos nossos dias, não é verdade? "O sincero e o espúrio, o justo e o profano, os trapaceiros e os santos competiam e clamavam pela atenção dos crédulos e dos céticos."

Com base nesse contexto, podemos obter uma idéia sobre o caráter da liderança de Paulo. Em 1 Tessalonicenses 2, ele exortou os crentes a lembrarem-se do que sabiam a respeito dele — a natureza de seu ministério e de sua liderança. Paulo argumentou que sua eficácia se fundamentava na sua percepção da pessoa de Deus — e isso definia o caráter de seu ministério.

Primeiramente, Paulo
confiava no poder de Deus (2.2), para lhe dar tenacidade*. "Apesar de maltratados e ultrajados em Filipos, como é do vosso conhecimento, tivemos ousada confiança em nosso Deus, para vos anunciar o evangelho de Deus, em meio a muita luta." Isso é tenacidade. A persistência de Paulo estava alicerçada em sua confiança em Deus.
* Tenacidade=Constância, perseverança.
Apesar do ultraje e da degradação pública em Filipos, antes de chegar a Tessalônica, Paulo disse que tivera
"ousada confiança em nosso Deus, para vos anunciar o evangelho de Deus, em meio a muita luta". Isso é o cerne, a alma do ministério! O objetivo do pregador nunca é minimizar o conflito que acompanha o evangelho, visto que este sempre é ofensivo. A marca de um grande líder não é o modo como ele evita o conflito, e sim o modo corajoso como o aceita.

Em segundo, Paulo estava
comprometido com a verdade de Deus. "A nossa exortação não procede de engano, nem de impureza, nem se baseia em dolo" (2.3). O ministério de Paulo era caracterizado por integridade. Impureza tem, freqüentemente, conotações sexuais. Muitos dos falsos mestres do mundo antigo eram tais como são os de nossos dias, marcados por uma vida secreta de pecado sexual repulsivo. Paulo não era um enganador ou um impostor. "Engano" é sinônimo de embuste, falsidade. Ele não estava tentando ganhar pessoas em benefício de si mesmo, como o faziam os falsos mestres. Sua integridade estava vinculada à verdade — algo que ele não podia mudar nem abandonar.

Em terceiro, Paulo foi
comissionado pela vontade de Deus. "Visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar Ele o evangelho, assim falamos" (1 Ts 2.4a). Em outras palavras, ele entendia que sua autoridade viera de Deus, que lhe confiara a mordomia do evangelho. Paulo foi testado e aprovado por Deus (o verbo “falamos” está no tempo presente, indicando uma ação duradoura). Ele disse a Timóteo que ordenasse, ensinasse e repreendesse com toda a autoridade; disse a Tito que não se esquivasse disso. O pregador se caracteriza por sua autoridade quando prega o evangelho.

Em quarto, Paulo era
compelido pela onisciência de Deus. A onisciência de Deus produziu responsabilidade. "Assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração. A verdade é que nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos. Deus disto é testemunha" (2.4b-5). Sob a direta supervisão de Deus (2 Tm 4.1), o ministro que serve ao Senhor prestará contas a Ele, um dia (Hb 13.17). E o que acontecerá naquele tempo futuro de recompensas é determinado pelo irresistível senso de responsabilidade que mantemos dia após dia (1 Cr 28.9; Ap 2.23).

Talvez você esteja cercado de muitas pessoas às quais presta contas. Mas, se, em seu coração, você perde a batalha da prestação de contas para com Deus, nunca a ganhará na vida diária. A verdadeira batalha é travada no coração e na consciência.

Em quinto, Paulo era
consumido pela glória de Deus (2.6), resultando em humildade. Não buscar a glória dos homens é bastante difícil. Como apóstolo de Cristo e alguém que estivera no céu, Paulo poderia ter exigido muitas honras. No entanto, sendo consumido pela glória de Deus, ele não tinha qualquer interesse em buscar glória dos homens.

Em sexto, Paulo era
compassivo para com o povo de Deus (2.7-12). Uma das percepções do âmago do ministério de Paulo que mais nos enriquece é a simpatia do apóstolo. A mais terna e incansável expressão de amor é a de uma mãe para com seu bebê em amamentação — não há reciprocidade maior, intimidade maior, dependência maior. Se você tiver esse sentimento para com a sua igreja, ela suportará muito. Prive-os disso, e eles lutarão incansavelmente contra você. Em muitos casos, quando você começa a ministrar em uma igreja, tem de amamentá-los. Tem de ser paciente e compassivo, sabendo que o crescimento é um processo lento e, às vezes, doloroso.

Como pastor, você precisa anelar por que Cristo seja formado plenamente em seu povo. Há necessidade de paciência, ternura e afeição profunda. É uma tarefa interminável, que envolve noite e dia (2.9).

Paulo concluiu com a analogia de um pai (2.10-12). A parte da mãe é o amor, o cuidado, a ternura, a compaixão; a do pai é a coragem, o caráter moral, o exemplo, a exortação, a instrução. A mãe tem a influência íntima; o pai estabelece o curso a ser seguido, oferece o vigor espiritual e a motivação. Esse é um equilíbrio magnífico.

Quando a
tenacidade, a integridade, a autoridade, a responsabilidade, a humildade e a simpatia são as características do ministério, o fruto descritos nos versículos 13-14 se manifesta. A igreja se torna o que ele deveria ser — uma igreja modelo para a qual outras podem olhar. À medida que somos fiéis em servir da maneira como Paulo exemplificou nesta passagem, nos colocamos numa posição de levar o povo a responder à Palavra de Deus e de conduzir a igreja para que se torne o que ela deveria ser.

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www.gty.org/

domingo, 23 de agosto de 2009

O Evangelho de Hoje: Autêntico ou Sintético?




Você pode não concordar com todas as afirmações de Walter Chantry, neste livro, mas uma coisa é certa: ele lhe fará examinar o conteúdo e os métodos que você tem utilizado em sua evangelização, à luz da Bíblia.
Publicado inicialmente em 1970, na Inglaterra, este livro teve uma divulgação surpreendente nos Estados Unidos. Isto porque Chantry, em sua mensagem, declara que a grande parte do que é utilizado hoje em dia como evangelismo, está tão distanciado dos princípios bíblicos, que passamos a ter um novo Evangelho “Sintético”, que não é o que foi pregado por Jesus. Acusação séria? Sim, mas digna de exame e consideração, principalmente no Brasil, onde observamos um crescimento aparente nas denominações diversas e em campanhas várias de evangelização, mas onde notamos também um descaso cada vez maior por princípios doutrinários básicos, em favor de uma “unidade” e cooperação artificiais.
Walter Chantry é um pastor batista, que ministra na cidade de Carslisle, Pennsylvania, Estados Unidos, desde 1963, quando formou-se do seminário. O seu desejo, e o nosso também, é que o amado irmão, ao ler este livro, o faça como os bereanos, que mesmo recebendo a mensagem diretamente de Paulo, examinavam “cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim”. Esperamos assim, que possamos nos tornar melhores obreiros, fiéis à causa e à mensagem do Mestre, reconhecendo sua soberania em nossas vidas e trabalhando única e exclusivamente para a Sua glória.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Coletâneas de Aconselhamento Bíblico


VOLUME 1
Perguntas Raio X: descobrindo os porquês e os motivos do comportamento humano – David Powlison
Exaltar a dor? Ignorara a dor? O que fazer com o sofrimento? – Edward T. Welch
Como você se sente? – David Powlison
Quem somos? Necessidades, anseios e a imagem de Deus no homem – Edward Welch
Sua aparência: o que os padrões atuais dizem e as imagens retratam – David Powlison
E se você não foi amado por seu pai? – David Powlison
Crítica aos integracionistas atuais – David Powlison LEIA!
Déficit de atenção/Hiperatividade: o que você precisa saber – Edward Welch
Transtorno dissociativo de identidade: insight bíblico – Edward Welch
Homossexualismo: pensamento atual e diretrizes bíblicas – Edward Welch
Devemos nos casar – David Powlison e John Yenchko
Amor incondicional? David Powlison
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VOLUME 2
Aconselhe a Palavra – David Powlison
Mantenha a Verdade viva – John Bettler LEIA!
A interpretação da Bíblia e o aconselhamento – Jay Adams
Biopsiquiatria – David Powlison
Abrindo os olhos vedados: outra visão da coleta de dados – Paul Tripp
Coleta de dados: como o conselheiro contribui para o processo – Paul Tripp
Coleta de dados: estratégias para abrir olhos vedados – Paul Tripp
Tarefas práticas no aconselhamento bíblico: base teórica – Paul Tripp
Tarefas práticas no aconselhamento bíblico: exemplos – Paul Tripp
Palavras que edificam – Paul Tripp
Cuidado com as palavras – E. Bradley Beevers
Atingindo em cheio a sua preocupação – Robert Jones
Uma crítica ao DSM-IV à luz da Bíblia – John Babler
Como ajudar mulheres que comem em excesso – Elyse Fitzpatrick
Como ajudar mulheres com bulimia – Elyse Fitzpatrick
Como ajudar mulheres com anorexia – Elyse Fitzpatrick
Transtornos alimentares… para o restante de nós – Elyse Fitzpatrick
Mas afinal, o que é o aconselhamento bíblico? – Edward Welch
Você está bem preparado? – David Powlison
Como ajudar um aconselhado “psicologizado” – David Powlison
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VOLUME 3
Palavras confiáveis em tempos difíceis – Editorial
Aconselhamento é a Igreja – David Powlison
Uma filosofia bíblica para o ministério de aconselhamento: entrevista com Steve Viars
O rio do discipulado – Steve Viars
As manhãs corriqueiras de domingo e o dia-a-dia – Timothy Lane
Interprete a Bíblia, interprete a pessoa: entrevista com John Street
Quando os conselheiros e os aconselhados defrontam-se com o sofrimento – John Piper
Com o destino em vista: ajudando os aconselhados a verem a vida pela perspectiva do Salmo 73 – Paul Tripp
Palavras de esperança para aqueles que lutam com a depressão – Edward Welch
A ambigüidade na cura da alma – David Powlison
Motivação: por que faço o que faço? – Edward Welch
Eu não consigo me perdoar – Robert Jones
Irado com Deus – Robert Jones
Matando o dragão: uma luta contra a pornografia – David Powlison
Quais os limites da confidência no aconselhamento? – George Scipione
Resenhas:
As cinco linguagens do amor, de Gary Chapman
Conexão: o poder dos relacionamentos humanos, de Larry Crabb
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VOLUME 4
Os anseios pecaminosos do coração – Editorial
Afirmações e negações – David Powlison LEIA!
Pecado ou doença? – Edward Welch
O aconselhamento bíblico é legalista? – Edward Welch
Sabedoria no aconselhamento – Paul Tripp
O aconselhamento e a soberania de Deus – Jay Adams
Como ser um Barnabé – Cindy Patten
Levando a sério a impureza sexual em nossos dias – Tim Stafford
O caminho do sábio: como falar de sexo com os adolescentes – Paul Tripp
Uma perversão da intimidade: pornografia, masturbação e outros usos errados do sexo – Jeffrey Black
Sexo e espaço cibernético: Melissa Partain
Quando o problema é um pecado sexual: John Bettler
A armadilha da ternura – Jim Newheiser
Chega de procrastinação – Walter Henegar
Questionário de autoavaliação – Tim Keller e David Powlison
Como os relacionamentos de prestação de contas podem ser úteis para encorajar mudança bíblica? – Alan Medinger
Por que a luta com a tentação sexual algumas vezes é mais forte do que outras? – Alan Medinger
Resenha:
Mulheres ajudando mulheres, de Elise Fitzpatrick
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VOLUME 5
Algumas reflexões sobre os relacionamentos – Editorial
A suficiência das Escrituras para diagnosticar e curar a alma – David Powlison
Como Cristo nos transforma pela sua graça – Timothy Lane e Paul Tripp
Um coração cheio de orgulho – Max Benfer
Por que perguntar “ Por quê”? – Edward Welch
Não aguento mais você! – William Smith
Como compreender a ira – David Powlison LEIA!
Três mentiras sobre a ira e a verdade transformadora – David Powlison
Como alcançar o coração do conflito – David Powlison
Buscar e conceder perdão – Timothy Lane
Uma alternativa bíblica para responder à crítica – Louis Priolo
Sabedoria nos relacionamentos – Winston Smith
Como lidar com o fracasso no aconselhamento? – Jay Adams
Resenha:
Limites nos relacionamentos, de Henry Cloud e John Towsend
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VOLUME 6
Provérbios 22.6: garantia, incentivo ou ênfase em uma vida estruturada? – Editorial
Aconselhamento bíblico de crianças – Earl Cook
Ajuda aos pais de uma criança irada – Michael Emlet e David Powlison
Como ajudar uma criança enlutada – Judy Blore
Como aconselhar a criança adotada – Julie Lowe
Apenas uma adolescente – David Powlison
Dê ao seu adolescente uma visão da glória de Deus – Tedd Tripp
Comunique-se com os adolescentes – Tedd Tripp
Quando os filhos partem – Wayne Mack
Como os bons desejos transformam-se em maus desejos – Robert Jones
O que é “sucesso” para os pais de um adolescente? – Paul Tripp
Resenha:
Pastoreando o coração da criança, de Tedd Tripp
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VOLUME 7
Lidando com as rachaduras – Editorial
Você consegue ver? – David Powlison
Treinamento de líderes – Tony Giles LEIA!
Julgar à luz da Bíblia – D. Patrick Ramsey
Salmo 51: um guia bíblico para o arrependimento – David Covington
O sonho de quem? Que tipo de pão? – Paul Tripp
No olho do furação: como lidar com as crises – Ron e Sue Lutz
Convivendo com um marido irado – Edward Welch
Caminhando pelo vale sombrio do aborto espontâneo – Sue Nicewander
A Bíblia e a dor da infertilidade – Kimberly e Philip Monroe
Verdades inabaláveis para criar seus filhos sem a ajuda do cônjuge – Robert Jones
A dimensão espiritual do relacionamento conjugal – Jay Adams
O lugar de Deus no casamento – Rober Jones
Existe lugar para o ciúme no casamento? – John Bettler
Como aconselhar os casos de violência doméstica? – Edward Welch, Paul Tripp e David Powlison
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VOLUME 8
Sofrimento: chicote ou cinzel? – Carlos Osvaldo Cardoso Pinto
O evangelho terapêutico – David A.Powlison
Sofrimento e o Salmo 119 – David A. Powlison
Açúcar e limões: como é Deus em seu sofrimento? – Steve Estes e Joni Eareckson Tada
Ore além da lista dos enfermos – David A. Powlison
Não desperdice seu câncer – John Piper e David A. Powlison
A dor da perda: compreendê-la e tratá-la não é questão de um processo, mas de uma Pessoa – Paul Randolph
Estresse pós-traumático – Paul Randolph LEIA!
O conselheiro desanimado – Sue Nicewander
Ajuda aos ajudadores – Michael Emlet
Cuidado pastoral para missionários – John Sherwood e Scott Fisher
O pecado sexual e a batalha mais ampla e profunda – David Powlison
Como acontece a verdadeira transformação bíblica no momento de crise? – Heather L. Rice

domingo, 2 de agosto de 2009

A Urgência da Pregação

A Urgência da Pregação

Albert Mohler Jr.

Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.


A pregação atravessa tempos difíceis? Hoje está sendo travado um debate sobre o caráter e a centralidade da pregação na igreja. O que está em jogo é a integridade da adoração e da proclamação cristã.

Como isso chegou a acontecer? Levando em conta a centralidade da pregação na igreja do Novo Testamento, parece que a prioridade da pregação bíblica jamais deveria ser contestada. Afinal de contas, como observou John A. Broadus — um dos docentes fundadores do Seminário Batista do Sul dos Estados Unidos —, “a pregação é característica peculiar do cristianismo. Nenhuma outra religião tem realizado reuniões freqüentes e regulares de grupos pessoas para ouvirem instrução e exortações religiosas, uma parte integral do culto cristão”.

No entanto, muitas vozes influentes no evangelicalismo sugerem que a época do sermão expositivo já passou. Em seu lugar, alguns pregadores contemporâneos colocaram mensagens idealizadas intencionalmente para alcançar congregações seculares ou superficiais — mensagens que evitam a exposição do texto bíblico e, por implicação, um confronto potencialmente embaraçoso com a verdade bíblica.

Uma mudança sutil no início do século XX se tornou uma grande divisão no final do século. A mudança de pregação expositiva para abordagens mais temáticas e centradas no homem desenvolveu-se a ponto de se tornar um debate sobre o lugar das Escrituras na pregação e a própria natureza da pregação.

Duas afirmações famosas sobre a pregação ilustram essa divisão crescente. Refletindo, de maneira poética, a urgência e a centralidade da pregação, o pastor puritano Richard Baxter fez esta observação: “Prego como se jamais tivesse de pregar novamente, prego como um moribundo a pessoas moribundas”. Com expressão vívida e um senso de seriedade do evangelho, Baxter entendeu que a pregação é, literalmente, uma questão de vida ou morte. A eternidade pende na balança à medida que o pastor prega.

Contraste essa afirmação de Baxter com as palavras de Harry Emerson Fosdick, talvez o mais famoso (ou mal-afamado) pregador das primeiras décadas do século XX. Fosdick, que era pastor da Riverside Church, em Nova Iorque, provê um contraste instrutivo com o respeitado Baxter. Fosdick explicou: “Pregar é aconselhamento pessoal com base em grupos”.

Essas duas afirmações a respeito da pregação revelam os contorno do debate contemporâneo. Para Baxter, a promessa do céu e os horrores do inferno moldam a desgastante responsabilidade do pregador. Para Fosdick, o pregador é um conselheiro amável que oferece conselhos e encorajamento proveitosos.

O debate atual sobre a pregação é mais comumente explicado como uma argumento a respeito do foco e do formato do sermão. O pregador deve pregar um texto bíblico por meio de um sermão expositivo? Ou deve focalizar o sermão nas “necessidades sentidas” e nos interesses percebidos dos ouvintes?

É claro que muitos evangélicos contemporâneos favorecem a segunda opção. Instados pelos devotos da “pregação baseada nas necessidades”, muitos evangélicos abandonam o texto sem reconhecer que fazem isso. Esses pregadores podem ocasionalmente recorrer ao texto no decorrer do sermão, mas o texto não estabelece os assuntos nem a forma da mensagem.

Focalizar-se nas “necessidades percebidas” e permitir que elas estabeleçam os assuntos da pregação conduz inevitavelmente à perda da autoridade bíblica e do conteúdo bíblico no sermão. Contudo, esse modelo está se tornando, cada vez mais, a norma em muitos púlpitos evangélicos. Fosdick deve estar sorrindo no túmulo.

Os evangélicos antigos reconheceram a abordagem de Fosdick como uma rejeição da pregação bíblica. Um teólogo liberal confesso, Fosdick exibiu sua rejeição da inspiração, inerrância e infalibilidade das Escrituras — e rejeitou outras doutrinas centrais da fé cristã. Apaixonado pelas tendências da teoria psicológica, Fosdick se tornou um terapeuta de púlpito do protestantismo liberal. O alvo de sua pregação foi bem captado pelo título de um de seus muitos livros — On Being a Real Person (Ser uma Verdadeira Pessoa).

Infelizmente, essa é a abordagem evidente em muitos púlpitos evangélicos. O púlpito sagrado se tornou um centro de aconselhamento, e os bancos da igreja, o sofá do terapeuta. A psicologia e os interesses práticos substituíram a exegese teológica; e o pregador direciona seu sermão às necessidades percebidas da congregação.

O problema é que o pecador não sabe qual é a sua mais urgente necessidade. Ele está cego quanto à sua necessidade de redenção e reconciliação com Deus e se focaliza em necessidades potencialmente reais e temporais, tais como realização pessoal, segurança financeira, paz na família e avanço profissional. Muitos sermões são elaborados para atender a essas necessidades e interesses, mas falham em proclamar a Palavra da Verdade.

Sem dúvida, poucos pregadores que seguem essa tendência intentam se afastar da Bíblia. Todavia, servindo-se de uma intenção aparente de alcançar homens e mulheres modernos e seculares “onde eles estão”, o sermão tem sido transformado em um seminário sobre o sucesso. Alguns versículos das Escrituras talvez sejam acrescentados ao corpo da mensagem; mas, para que um sermão seja genuinamente bíblico, o texto precisa estabelecer os assuntos como fundamento da mensagem — e não ser usado apenas como uma autoridade citada para fornecer esclarecimento espiritual.

Charles Spurgeon confrontou esse mesmo padrão de púlpitos vacilantes, em seus próprios dias. Alguns das mais agradáveis e mais freqüentadas igrejas de Londres tinham ministros que foram precursores dos pregadores modernos que se baseiam nas necessidades sentidas. Spurgeon — que se esforçou por atrair ouvintes, apesar de sua insistência na pregação bíblica — confessou: “O verdadeiro embaixador de Cristo sente que ele mesmo está diante de Deus e tem de lidar com as almas como servo de Deus, em lugar dele, e que ocupa uma posição solene — nesta posição, a infidelidade é desumanidade e traição para com Deus”.

Spurgeon e Baxter entendiam o perigoso mandato do pregador e, por isso, foram impelidos à Bíblia para usá-la como sua única autoridade e mensagem. Deixavam seus púlpitos tremendo, sentindo interesse urgente pela alma de seus ouvintes e totalmente cônscios de que tinham de prestar contas a Deus pela pregação de sua Palavra, tão-somente de sua Palavra. Os sermões deles foram medidos por poder, os de Fosdick, por popularidade.

O debate atual sobre a pregação pode abalar congregações, denominações e o movimento evangélico. Mas reconheça isto: a restauração e renovação da igreja nesta geração virá somente quando, em cada púlpito, o ministro pregar com a certeza de que jamais pregará novamente e como um moribundo que prega a pessoas moribundas.

Traduzido por: Wellington Ferreira

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© R. Albert Mohler Jr.

Traduzido do original em inglês:The Urgency of Preaching.

Texto usado com permissão da Editora Fiel